Pesquisar este blog

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Certas coisas não se explicam...

Hoje passei por uma experiência muito difícil!
Fui ao velório de uma amiga de trabalho. Não apenas mais uma no meio de tantas, mas 'àquela' que resolvia tudo, àquela que confiávamos, que tinha competência, ética, e principalmente amor pelo que fazia.
Karla era assim, amorosa, verdadeira, as vezes braba, mas muitas, muitas vezes doce! Ainda me lembro (e me lembrarei por muito tempo), de quando chegava para trabalhar - aos pedaços por conta dos meus problemas pessoais - e no meio de tanta correria, ela parava e se permitia me ouvir, assim, de mansinho, como quem não quer nada demais, mas após ouvir minhas poucas palavras, sempre vinha um ensinamento, uma riqueza, uma experiência de vida, ou até mesmo a peculiar "batida" na mesa, forte, pra mostrar indignação por aquilo que tinha acabado de ouvir.... no fim, ria muito, sempre era divertido!
Karlinha não ensinava só com as palavras, ensinava com as atitudes! Sempre elegante, sempre amiga... era muito admirada por todos nós, funcionários, professores e alunos.
Ela tinha lúpus, uma doença cruel, e por conta disso, mantinha a disciplina na sua vida... não fumava, não bebia, não cometia exageros, dormia cedo... não se portava assim apenas pela doença, mas porque era cristã, mulher de Deus, mãe zelosa... mas um dia ela adoeceu, e não voltou mais! Por semanas precisou de repouso e cuidados, no fim seu organismo não resistiu e ela nos deixou ontem, antes mesmo de assumir nova função na escola, a de vice-diretora!
Karlinha.... jovem, recém-divorciada pronta para viver, com novas oportunidades de trabalho e de estudo...

Isso tudo me fez pensar, em como realmente somos impotentes diante das dores da vida! Não controlamos nada, não somos donos de nada! Nem da nossa vida.... Não estou dizendo, e nunca direi que "ah foi Deus que quis assim", NÃO FOI, o Deus da vida não pode querer a morte! o Deus da vida não amaldiçoa, mas abençoa! E a morte - diante do olhar cristão - não é o fim de tudo!
Ficamos tristes, é claro, porque sentiremos muito a sua falta, mas estarei confiante na ressurreição, e "sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio" (Rm, 8,28).

No meio de tantas lágrimas, uma cena me chamou a atenção! A capela estava cheia! Muitas pessoas foram dar seu último adeus à Karla, professores e funcionários de outras escolas que ela já trabalhou, além de nós e de nossos alunos. Tinha momentos de tanta gente, que precisamos revezar... saíamos um pouco, e depois voltávamos, e cada vez chegava mais gente... Foi quando eu percebi, o quanto especial ela era, o quanto era querida e amada! Ninguém ali precisava fingir, e se fingiam, que aproveitem esse momento para um verdadeiro arrependimento e conversão. Palavras não eram necessárias, lágrimas, abraços e colo eram suficientes!

A pergunta que me fiz hoje, depois que saí de lá, foi: caso eu venha a falecer, no meu velório iria tanta gente?! Calma, antes que pensem no absurdo da minha pergunta, eu já explico...
Eu me perguntei isso, porque fiquei questionando: o que estou fazendo na minha vida que realmente esteja valendo a pena? Estou trabalhando como se deve? Estou sendo amiga, irmã, filha, mãe, companheira como se deve? Ainda mais, estou amando como se deve???!!! E vocês, estão?!
Se estamos, que bom, agradeçamos e peçamos ao Senhor que nos sustente nessa caminhada tão difícil, mas se não estamos, roguemos ao Pai das Misericórdias que venha ao nosso auxílio, que nos perdoe e transforme o nosso coração!
A hora da mudança chegou!!! Não podemos deixar para depois!! É agora!!!

Karlinha, com certeza estava amando e fazendo tudo como se deve! Hoje tivemos a prova disso! Infelizmente - e sinto muito - não tive tempo de dizer a ela, o quanto ela era importante pra mim! Carregarei essa minha falta por muito e muito tempo...

Amiga, estou sentindo sua falta, e o espaço que você deixou não será preenchido! Ainda imagino e penso que vou ver você chegando à escola, com àquela sua pasta... sorrindo, dando bom dia a todos!Tivemos um ano apenas de convivência, mas foi o suficiente para que te tornasses tão preciosa ao meu coração! Hoje estou em lágrimas, mas depois sorriremos, juntas, ao nos (re)encontrarmos.

Grandes beijos minha querida! Esteja na paz no Senhor!

Até mais....

Te amamos!